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ÁFRICA QUE CHEGA PELA ORALIDADE: REPRESENTAÇÕES HISTÓRICAS E COMBATE AO PRECONCEITO EM SALA DE AULA
João Pedro Pereira Rocha
Prof. Esp.UFG

As representações acerca do continente africano nos últimos tempos têm sofrido modificações consideráveis, de modo a tornar o conhecimento sobre a História da África cada vez mais desapegado de estereótipos e preconceitos. Entretanto, o curso dessas transformações ocorre de forma gradual, por meio de alguns elementos importantes, a exemplo da Lei 10.639/03, que torna o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana obrigatório na Educação Básica. Nesse contexto é importante pensar os caminhos pelos quais a disciplina história pode trilhar, de modo a contribuir no combate a visões estereotipadas e preconceituosas sobre a África.
As visões construídas acerca do continente africano, comumente, são oriundas de posicionamentos teóricos e científicos advindos do saber ocidental, que constrói modelos “imperialistas” de pensar as sociedades (HERNANDEZ, 2005). Essas visões criaram raízes profundas nas ciências humanas, disseminando conceitos universais e hegemônicos sobre a história e cultura africana. A historiografia seja americana, europeia ou mesmo africana, segundo Alfredo Margarido (2000), empenhou-se em distorcer a importância dos valores africanos, fruto direto dessa questão são os diversos sintomas de preconceitos registrados nos espaços sociais, a exemplo das escolas brasileiras.
O objetivo dessa proposta é apresentar algumas reflexões em torno do combate a representações estereotipadas e socialmente difundidas acerca da África. As discussões situam o campo do ensino de história como lócus objetivo dessas representações, tomando a oralidade e as experiências pessoais/individuas como documento para problematizar e refletir a África em sala de aula.
O preconceito, que durante muito tempo serviu projetos político, econômicos e culturais, faz com que, nos dias atuais, alguns equívocos e outros problemas, como o racismo, perdurem quando temáticas relacionadas à África surgem. A escola em seu dever perante a contribuição com projetos de formação para cidadania e a justiça social coloca-se perante a necessidade de luta pela desconstrução de visões estereotipadas. Um documento possível de uso reflexivo, por professores, é a palestra proferida pela escritora Chimamanda Adichie, intitulada: “O perigo da história única”. É pela análise dessa palestra que o trabalho fará reflexões sobre a luta contra o preconceito nas aulas de história.
Chimamanda Adichie é uma escritora nigeriana e seus escritos compreendem questões étnicas de gênero e identidade. No vídeo, produzido durante evento da Tecnology Entertainment and Design (TED), é apresentado algo que a escritora denomina “o perigo de uma história única”. Chimamanda Adichie apresenta narrativas de suas experiências infantis e de sua trajetória de vida, procurando demonstrar o modo como às histórias influenciam na formação das identidades e na compreensão de mundo e do outro. Nesse contexto, alguns trechos de sua fala são passiveis de análise mais aproximada.
Caso o professor de história utilize o vídeo apenas como documento para enriquecimento de sua formação profissional e reflexão da prática docente, em relação ao ensino sobre África, ou opte por usá-lo em sala de aula; os dois caminhos são possíveis, mas sempre em consonância com as especificidades da(s) turma(s). Dos fragmentos dispostos na narrativa de Chimamanda Adichie o primeiro, que achamos conveniente à proposta dessa discussão, diz sobre sua formação infantil:
“Então, fui uma leitora precoce. E o que eu lia eram livros infantis britânicos e americanos. Eu fui também uma escritora precoce e quando comecei a escrever por volta dos sete anos [...] eu escrevi exatamente os tipos de histórias que eu lia. Todos os meus personagens eram brancos de olhos azuis, eles brincavam na neve e comiam maçãs, eles falavam muito sobre o tempo e como era maravilhoso o sol ter aparecido. Agora, apesar do fato que eu morava na Nigéria, eu nunca havia estado fora da Nigéria [...] Minhas personagens bebiam muita cerveja de gengibre, porque os personagens britânicos que eu lia bebiam cerveja de gengibre. Não importava que eu não soubesse o que era cerveja de gengibre.”
A fala da escritora remete a um ponto importante e muito relevante, se pensarmos posturas e ações em prol do combate ao preconceito que é alimentado por visões estereotipadas em relação à história e a cultura africana: a formação infantil. Tradicionalmente o sistema escolar brasileiro pauta-se em modelos quase hegemônicos de educação ocidental, ainda muito carregada de valores eurocêntricos. Não raro ainda nos deparamos com índices de livros didáticos pelos quais a história é maciçamente apresentada sob uma ótica europeizada. Nesse sentido, muito facilmente posturas equivocadas ou que não produzam efeitos em relação à desconstrução de mitos tradicionais, aptos a subjugar a trajetória das sociedades africanas a simplificações, persistem.
Na medida em que profissionais do ensino buscam outros caminhos, que não os tradicionais, as possibilidades são inúmeras e as contribuições positivas, tanto para um ensino de história pautado na valorização das experiências humanas no passado, rompendo com o preconceito, como no uso de documentos diversos em sala de aula. Em outro trecho, de sua narrativa, Chimamanda Adichie, comenta algo que caminha nesse sentido:
“As coisas mudaram quando eu descobri os livros africanos [...] Tive uma virada na minha percepção sobre literatura. Percebi que pessoas como eu, meninas com pele de cor de chocolate, cujo cabelo crespo não dava pra fazer rabo-de-cavalo, também poderiam existir na literatura. (...) Descobrir escritores africanos resultou numa coisa: me salvar de ter uma única história sobre o que os livros são.”
Nesse ponto a fala da escritora serve a um propósito importante: a abordagem da África em sala. Em artigo publicado pela Revista Ágora (2007) os autores questionam, entre outras, sobre a aplicabilidade da Lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana, em sala de aula. Especificamente, é questionado sobre de qual forma esse conteúdo será oferecido aos estudantes?
Nesse sentido, o trecho aponta direção interessante ao questionamento feito. O recorte em questão diz sobre a presença de personagens negros na literatura. Fazer uso da literatura no ensino de história é uma opção já discutida por pesquisadores do campo do Ensino de História e que demonstra retornos positivos para os objetivos da disciplina história. Assim, a literatura poderá ser evocada para apresentar aos estudantes escritores e personagens africanos, de modo a problematizar as experiências históricas das sociedades africanas ao longo do tempo.
Em certo momento de sua fala Chimamanda Adichie deixa-nos evidente a importância do contato com personagens por meio dos livros, das histórias. Nesse ponto, uma peculiaridade interessa a representação da África, que chega por meio do povo negro, via livro didático. Como é apontado pela pesquisadora Ana Célia da Silva (2011) as representações sociais dadas a brancos e negros, mesmo com a promulgação da Lei 10.639, carecem de melhores abordagens, de modo a “equilibrar” as representações e os papeis sociais destinados aos personagens. Quando Chimamanda Adichie relata sobre seu contato com “outras histórias”, que não “a única que os livros são” demonstrar seu enriquecimento cultural mediante o contato com outras experiências culturais, algo que fomenta no sujeito envolvido com o processo de ensino aprendizagem a possibilidade do respeito às diferenças.
Sobre preconceitos e estereótipos Chimamanda Adichie relata:
“Se eu não tivesse crescido na Nigéria e tudo o que eu soubesse sobre África viesse das imagens populares publicadas, eu também pensaria que a África era um lugar de paisagens bonitas, animais bonitos e pessoas incompreensíveis, disputando guerras insensatas, morrendo de pobreza e AIDS, incapazes de falar por si mesmas. Esperando para serem salvas pelo estrangeiro branco e gentil.”
“Eles transformam uma história na única história (...). A consequência da história única é a seguinte: rouba-se a dignidade das pessoas. Dificulta o reconhecimento da nossa humanidade compartilhada. Enfatiza o quão diferentes somos em detrimento de quão iguais somos.”
São frases passiveis de uso em sala de aula, uma vez que os trechos transmitem informações que podem dialogar com as experiências dos próprios estudantes. Como afirma o historiador cultural Roger Chartier (2002), o controle e o condicionamento são usados por quem detêm o poder da palavra e dos gestos. Nesse contexto, é importante sublinhar que a formação da consciência história, ponte para o respeito às diferentes experiências históricas (CERRI, 2011), ocorre no contato que os sujeitos têm com as diversas formas de emissão de ideologias, a exemplo das mídias diversas. Com isso, e pensado a disciplina história e seu papel formativo, o conjunto da narrativa feita por Chimamanda Adichie, apresenta a todos os sujeitos envolvidos com o processo de formação escolar a capacidade de refletir sobre a pluralidade cultural, o respeito às diferenças e ações em prol da fragmentação de representatividades preconceituosas acerca da África em sala de aula.

Referências Bibliográficas
CERRI, Luis Fernando. Ensino de história e consciência histórica: implicações didáticas de uma discussão contemporânea. Rio de Janeiro: FGV, 2011.
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. 2ª Ed. Portugal: Difel, 2002.
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. O olhar imperial e a invenção da África. A África na sala de aula: visita contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005, p. 17-44.
MARGARIDO, Alfredo. Algumas formas de hegemonia africana nas relações com os europeus. In: A África e a instalação do sistema colonial (c.1885-c. 1930). III Reunião Internacional de Historia de África; dir. de Maria Emília Madeira Santos [ed. lit.]. Instituto de Investigação Cientifica Tropical. Lisboa: Cento de Estudos de História e Cartografia Antiga, 2000, p. 395-402.
MEDEIROS, Angela Cordeiro; ALMEIDA, Eduardo Ribeiro de. História e cultura afro-brasileira: possibilidades e impossibilidades na aplicação da lei 10.639/2003. Revista Ágora, Vitória, n. 5, 2007, p. 1-12.
SILVA, Ana Célia da. A representação social do negro no livro didático: o que mudou? Por que mudou? Salvador: EDUFBA, 2011.
Fonte do vídeo

ADICHIE, Chimamanda. O perigo de uma história única. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=qDovHZVdyVQ&spfreload=10. Acesso: 08 fev. 2017.

12 comentários:

  1. Olá, João Pedro Pereira Rocha.
    Os livros didáticos, em sua maioria, seguem um modelo padrão, com personagens baseados em uma visão europeia e um conteúdo bem diferente da realidade dos alunos. Diante disso, torna-se um desafio para o professor introduzir em sala de aula outras temáticas importantes, sendo a história da África uma delas.

    O que o professor precisa saber e que recursos são necessários para transmitir aos alunos a história da África, com o objetivo de acabar com visões preconceituosas e estereotipadas sobre o continente africano?

    LUCAS DE VASCONCELOS SOARES (UFOPA)

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    1. Olá Lucas, boa tarde.
      Compartilho de sua posição em relação ao livro didático.
      Sobre os domínios do professor em sala de aula, um bom domínio de conhecimento historiográfico pode ser um ponto de partida. Outros pontos são necessários, um deles diz respeito iniciativa docente em utilizar de um tempo adequado para o conteúdo em sala de aula. Sei que o tempo é reduzido, mas a prática docente se faz por escolhas.
      Aproximar o tema África da realidade discente pode ser uma armadilha, acredito, se o professor se ater apenas ao passado pelo passado.
      Problematizar a representa ação da África pelas mídias também pode ser um caminho interessante. Com ou sem interesses as mídias diversas alimentam cotidianamente o preconceito acerca do continente africano. Nesse ponto o professor poderá usar de muitas ferramentas presentes no universo discente.
      Muitas são as possibilidades e em certo grau elas devem respeitar as especificidades sociais e culturais dos estudantes, tendo em vista a diversidade presente na sociedade brasileira.
      É uma ótima discussão, que deve apresentar-se sempre por meio de possibilidades.
      Grato pela participação

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  2. Olá professor! Entendo e aceito as diferenças culturais/raciais, a maioria dos alunos capazes de refletir e sentir empatia também, porém, minha preocupação seria com alunos que nunca sofreram nenhum tipo de descriminação cultural ou racial e tampouco conseguiriam sentir empatia, até mesmo por se tratar de uma pessoa nascida e criada em meio a uma família preconceituosa, de que forma, na sua opinião eu poderia trabalhar com ele? Você acha que somente essas reflexões seriam suficientes?
    Deusilene de Souza Trindade

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    1. Deusilene, boa tarde.
      A diversidade presente em sala de aula é um ponto a ser muito pensado pelo professor. Ela não diz apenas sobre os que sentiram ou presenciaram uma situação de racismo, de forma declarada, mas sobre "outros sujeitos". Como forma de trocar ideia e experiência, e seguindo por esse lado que você traz (muito interessante) eu indicaria como possibilidade uma problematização acerca do racismo por exemplo. Pesquisadores diversos apontam o racismo como uma construção social e histórica, por isso afeta a realidade de todos os brasileiros, direta ou indiretamente. Como sujeito histórico o estudante tem contato com o racismo cotidianamente. Expôr os efeitos do racismo na sociedade pode ser um caminho que traz todos os estudantes para a discussão. Essas reflexões são apenas um ponto de partida, de chegada ou um ponto a ser colocado em sala de aula ou para o docente refletir sobre sua prática em sala de aula. Mas, de toda forma, elas não encerram a discussão e são necessitadas de outros complementos.
      Abraços

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  3. Prezado João Pedro P. Rocha, saudações.
    A mídia tem um papel fundamental na construção dessas representações estereotipadas acerca do continente africano e, por consequência, da representação pejorativa do negro no Brasil. Gostaria de saber como o ensino de história da África pode contribuir para o combate do racismo no Brasil.

    Cláudio Reginaldo Quintino de Miranda

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    1. Cláudio, boa tarde

      Um dos diversos caminhos é fazer com quê, em sala de aula, o negro apareça como sujeito de sua história, que o continente africano não surja como extensão dos acontecimentos europeus.
      Outro ponto importante, pode ser a problematização de algumas questões ligadas ao personagem negro, a exemplo de algumas datas comemorativas. Aqui pode ser discutido em sala de aula, fazendo um link entre passado e presente de modo que o estudante perceba as manifestações culturais como construção histórica e com seus valores postos. Seria a velha discussão de colocar na prática o entendimento do presente tendo o passado como ponte.
      A luta do povo negro e as conquistas pode ser um outro caminho. As cotas estão aí e possuem espaço para discussão em sala de aula. Do por que elas existirem.
      Abraço

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  4. Caro João Pedro Pereira Rocha (primo?),
    Eu acho que a produção e veiculação de material didático sobre a história da África tem progredido bastante nos últimos 15 anos. Eu estava numa conferência na PUC-RJ em 2002 ou 2003, quando a professora Lilia Schwarcz, dona da editora Companhia das Letras, quando questionada sobre as razões pelas quais a sua editora não publicava temas relacionados aos afrodescendentes respondeu que “os negros não compram livros”. De lá para cá muita coisa tem mudado, com a abertura de editoras e livrarias especializadas no tema. Outra coisa que mudou foi a abertura do Brasil para intercâmbio de estudantes africanos e a contratação de professores africanos nas universidades. Na última década, fruto da política de cotas, o número de estudantes que se dedicou a estudar essas temáticas em suas teses e dissertações também contribuiu para este avanço. Porém, o trajeto entre a produção acadêmica e a escola é muito longo, e temos que recorrer a outros meios para avançar esta trajetória. Uma das coisas seria o uso de audio-visuais como você indicou, outra seria o acesso a websites.
    Porém, a meu ver, a grande barreira está sendo a da língua. Há uma produção historiográfica rica vindo da África, e da Diáspora Africana, porém a maior parte está em inglês, seguida pelas publicações em francês. Eu mesma fui aprender história da África na África do Sul, porque quando fiz a licenciatura não havia esta disciplina. O contato com a historiografia africana muda a cabeça do estudante, porque a perspectiva se amplia a abordagem muda e os limites disciplinares são muito flexíveis.
    Acho que a primeira coisa que se precisa fazer é desmistificar a “ÁFRICA”, até porque não existe essa África, numa multiplicidade de culturas e experiências que vão muito além dos 53 países. Ao se desdobrarem em etnias (como a história dos Zulu, por exemplo), ou na diáspora: história do Haiti, história dos negros nos Estados Unidos, história dos negros no Caribe, na Inglaterra ou na França, a Afro-Latino América e até mesmo a história do tráfico de escravos africanos para o Iêmen e outros países árabes, o estudo e ensino de história assume um caráter polifônico e caleidoscópico.

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    1. A dimensão do conhecimento sobre o continente africano é algo realmente que chama atenção. A historiografia africana passou por um processo significativo que fez o número e a qualidade das produções cientificas aumentarem. Esse ponto nos da a certeza de como podemos renovar nossas práticas em sala de aula. Vale lembrar que a construção do conhecimento histórico em sala de aula é fruto de uma associação entre saberes teóricos, aqueles adquiridos pelos estudantes, os transportados pelo professor de história e um conjunto de saberes que a comunidade escolar tem contato diariamente. Sendo uma construção é importante frisar aspectos como curiosidade, criatividade, e reflexão, entre outros, e que devem estar atrelados ao processo de ensino apredizagem, Esses são alguns dos pontos fundamentais para um bom desenvolvimento da história enquanto disciplina escolar.
      A questão do material didático é outro ponto importante e passível de reflexões constantes em relação ao ensino de história. Tradicionalmente os livros didáticos seguem a prática do ensino de história tradicional. Em relação a abodagem dada ao continente africano e sua história algumas interrogações acredito serem sempre bem vindas: Como se dá a representação histórica da Áfricaʔ Como as imagens representam o continenteʔ Qual o espaço no manual didático dedicado ao continenteʔ Penso que podem ser umas das primeiras (entre outras) indagações para uma abordagem da história da África.
      A produção livresca no Brasil, com temáticas relacionadas a história afrodescendente realmente ocupa uma espaço interessante nas livrarias nacionais. Mesmo diante da baixa procura por livros nessa área, normalmente estudantes e pesquisadores formam a clientela, as produções tem se multiplicado, sobretudo frutos de dissertações e teses, entre outras pesquisas. E penso que essas produções devem formar um arcabouço teórico para os professores de história, independentemente das condições postas a prática docente. Esse tipo de beneficiamento para o conhecimento histórico chega ao material didático por meio de algumas páginas, devido a limitação natural dos livros didáticos. Por isso, a necessidade da atualização profissional chegar por meio do contato com a historiografia recriada constantemente pelos historiadores. Como você muito bem cita, as dimensões do conhecimento acerca de várias sociedades e culturas carecem de cuidados e atenção dos professores de história. A própria “renovação” do ensino passa pelo crivo do cuidado, pois não se trata de uma exaltação da África, mas de sua inclusão de forma igual, sem sobreposições, nos conteúdos abordados em sala de aula. Usar as experiências africanas passadas como forma de tornar a História de fato plural e democrática.
      A discussão é longuíssima e muito enriquecedora.
      Obrigados pela contribuição!
      Abraço

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    2. Ah, provavelmente, primos sim rs

      Contato: joaopedrojp56@gmail.com - para maiores discussões

      Abraços

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  5. Professor, acredito que a escola tem papel essencial na luta contra o preconceito, a discriminação e os estereótipos que são reproduzidos no nosso cotidiano. Porém, como lidar ou trabalhar quando o preconceito, que lutamos diariamente em sala de aula pra desconstruir, surge em forma de piadinhas e é reproduzido por outros professores em sala de aula?

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    1. Ádila Vital
      Boa tarde

      Olá, primeiramente peço desculpas pelo atraso em responder o questionário.
      Esse questionamento diz respeito a um ponto sensível em relação a questão racismo, preconceito e suas manifestações, porque diz respeito a nossa própria experiência de vida, enquanto docentes. E como lidar com isso? Lançarei mais uma reflexão do que uma resposta propriamente dita.
      As formas que traduzem o preconceito devem ser encaradas por todos nós educadores como construção histórica e social, ou seja, não diz respeito apenas em relação a classes ou grupos, é algo multifacetado, que se manifesta nos diversos espaços de convivência social, inclusive na escola. A luta contra o preconceito pode existir a algum tempo, mas a luta institucional é recente e se apresenta com inúmeras falhas. Exemplo bem próximo e claro diz respeito a formação docente. Como as instituições que trabalham a formação de professores preparam os futuros profissionais do ensino para lidar com o racismo, por exemplo? Penso que elas ainda pecam em muitos quesitos, logo, como cobrar de colegas determinadas atitudes, quando a formação social dele (muito provavelmente racista) influencia suas práticas mais que aquela oferecida pelas instituições formadoras de professores? Sei que a responsabilidade social de cada cidadão existe, mas não esquecer nossa formação profissional não emana apenas da Universidade ou Faculdade, mas da vida, das trocas de experiências, entre outras.
      Ter contato com colegas racistas, em nossa sociedade, não me parece algo difícil, seja o racismo explicito ou não. Nesse ponto creio ser de fundamental importância a atuação da comunidade escolar em relação às práticas docentes. Quando chamo atenção para o coletivo é devido o fato de sozinhos ou em práticas isoladas, pouca coisa mudar em relação ao posicionamento dos colegas. Será de suma importância, por exemplo, corpo docente, discente e outras classes e grupos se reunirem para discutir racismo nos dias de hoje.
      A escola deve chamar atenção para a questão e nós como responsáveis pela instituição escolar e pela formação de jovens e crianças, devemos chamar atenção constantemente para o assunto e não apenas em determinadas datas de nosso calendário. O racismo é cotidiano e seu combate se da na mesma medida.
      Grato pela participação
      Espero ter auxiliado em suas reflexões
      Abraço.

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